Por que a blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão, se
Deus é misericordioso e pode todas as coisas? Seria uma impossibilidade ou
limitação de Deus não poder perdoar esse tipo de pecado? As Pessoas da Trindade
não possuem os mesmos atributos? Seriam elas diferentes em algum aspecto ou
discordariam de algo? Por que esta exclusividade do Espírito Santo?
Para entendermos melhor a razão desta falta de perdão, é
necessário primeiro compreendermos o que vem a ser a blasfêmia contra o
Espírito Santo. Muitas pessoas têm dúvida se cometeram ou não esse tipo de
pecado, a existência desse pecado imperdoável tem mexido com a mente de quase
todos os cristãos em todos os tempos, desde que Jesus o proferiu. Por isso,
vamos tentar eliminar de uma vez por todas esta dúvida.
Assim diz o texto das Escrituras que tomaremos como referência: - "Portanto
vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada. Se alguém disser alguma palavra contra o
Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito
Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro" (Mt
12.31,32).
As pessoas normalmente atribuem a vários tipos de pecados tal
especificação. Entretanto, torna-se fácil compreendermos do que se trata, se
prestarmos atenção ao contexto, às palavras de Jesus, e aos motivos que O
levaram a declarar esta exceção. Vamos direto ao ponto: Jesus havia feito
muitos milagres, curado doentes, expulsado demônios etc. Havia portanto provas
irrefutáveis quanto a Sua divindade, mas os fariseus, sacerdotes da época, não
queriam admitir, por mais que soubessem a verdade, e eles a conheciam; tinham
certeza que Jesus era o Filho de Deus encarnado, este fato fica evidente quando
um deles procura por Jesus (à noite, para não ser visto pelos demais),
declarando que ninguém poderia fazer aqueles sinais não tendo vindo de Deus e
se Deus não estivesse com ele.
Que levaria um sacerdote a procurar pelo Mestre, à noite, num
lugar com pouca luminosidade? - Naquela época ainda não havia o aproveitamento
da energia elétrica para esse fim, pois Thomas Edison ainda não havia inventado
a lâmpada - Ele O procurou em tais circunstâncias porque não desejava ser
reconhecido pelos demais, conhecia a verdade, mas não queria perder as regalias
que possuía como “homem de Deus”. Qualquer semelhança com muitos dos dias de
hoje é mera coincidência.
Tinham todos os sacerdotes certeza que Jesus era o Filho de Deus?
Claro que não. Em todos os tempos e em todos os lugares sempre existiram e
sempre existirão pessoas que pela inocência (mas não ausência de culpa),
defendem cegamente certas tradições; Deus, porém, conhece todos os corações. O
apóstolo Paulo é um exemplo disto (leia Primeira Oração de Paulo), mas não podemos
afirmar se era o único. Neste caso, podemos afirmar que a maioria dos fariseus
sabia quem era Jesus e com que poder Ele fazia aquelas operações sobrenaturais.
É este, portanto, o pecado imperdoável, ou seja, a referida blasfêmia nada mais
é que atribuir ao diabo a ação do Espírito Santo, um ultraje contra Deus.
Os fariseus, mesmo sabendo que ninguém poderia fazer o que Jesus
fazia (e ainda faz) se não tivesse vindo de Deus, como descrito no capítulo
três do evangelho segundo João, ousaram declarar que o Mestre fazia aqueles
sinais pelo poder de Belzebu. Seus corações endurecidos, suas vaidades, seus
desejos pelo poder, suas invejas, suas ganâncias, enfim, suas carnalidades, os
levaram a afastar Aquele que lhes concede a vida.
É o Espírito Santo quem dá vida às pessoas, é Ele quem convence o
homem do pecado, da justiça e do juízo. Aquele que blasfema contra o Consolador
Amado O afasta de si, ou melhor, a pessoa que viesse a praticar tal ato estaria
extinguindo-O de sua presença. E desta forma, não poderia de modo algum,
arrepender-se. É Deus quem pode todas as coisas. O homem por si mesmo não pode
nada, sem Deus ele nem mesmo pode se arrepender de seus pecados.
Portanto, não se aflija! Se você tem essa preocupação, se você fez
algo que a grosso modo pareça uma blasfêmia contra o Espírito Santo e você está
arrependido, se você se importa com a salvação de sua alma é sinal que você não
blasfemou contra o Espírito Santo. Esqueça! Se você se arrependeu, sinta-se
perdoado. O sangue de Jesus Cristo tem poder para lhe purificar de todo pecado.
Não esqueça que Deus não leva em consideração o tempo da ignorância (At 17.30).
Não dar o devido crédito, isto é, descrer, afastar, negar, renunciar,
rejeitar a presença do Espírito de Deus não é uma boa ideia. As pessoas só
compreendem o evangelho da salvação, porque o próprio Espírito Santo testifica
de Cristo por intermédio de outras pessoas em seus corações. Assim,
normalmente, os pecadores entendem, e então, sempre têm duas opções: aceitar ou
rejeitar a dádiva da salvação.
“Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê
nele não é condenado; mas quem não crê, já está condenado; porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.16-18).
Rejeitar a graça do Pai por intermédio de Seu Filho não faz
sentido, é uma decisão séria e muito penosa. Pois aqueles que continuamente
recusam o evangelho de Cristo, de certo modo, é como se também estivessem
blasfemando contra o Espírito Santo, uma vez que é Ele quem fala em seus corações
e, é Ele mesmo Quem é rejeitado. Assim sendo, sempre repelindo-O, sem crer e
sem arrependimento, torna-se impossível o perdão. Não é que Deus não queira ou
não possa perdoar, pois Ele sempre faz de tudo e concede muitas chances para
que as pessoas se voltem para Ele, mas Ele não interfere em suas decisões.
Que fazer com as pessoas que morrem na incredulidade? As pessoas que
continuamente recusam o evangelho e os ensinamentos de Cristo, de certo modo,
também estão blasfemando contra o Espírito Santo, uma vez que elas ouvem a voz
de Deus falando a seus corações, mas continuam rejeitando-O; elas até sentem
algum tipo de emoção, mas resistem. Ao repelir constantemente o chamado de Deus,
bloqueando-se intencionalmente para não crer e para não ter compromisso com o
Senhor, e sem esboçar qualquer manifestação de arrependimento, não poderá obter
o perdão.
Deus quer e pode perdoar e salvar, Ele sempre faz de tudo para que
isso aconteça, por isso concede tantas chances quantas forem necessárias para
que as pessoas se voltem para Ele, pois as ama tanto que não deseja perder uma
sequer, mas Ele não interfere em suas decisões; o Senhor é soberano, mas não é
um Deus déspota. Às pessoas que morrem na incredulidade só resta, portanto, a
condenação eterna, não há como mudar essa determinação divina. Nós já nascemos
condenados, não temos direito algum junto ao Pai, “Mas Deus prova o seu amor
para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Encerremos com as palavras de Jesus citada em João 14.1b: “credes
em Deus, crede também em mim”.
Que Deus nos abençoe.
por: Osvaldino Monteiro
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