quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

OBREIROS MALDITOS!







Maldito aquele que fizer a obra do Senhor 

relaxadamente” (Jeremias 48:10). Quando passei por 

este versículo na minha leitura diária, parei para refletir. 

Pesquisei um pouco mais e vi que outras versões falam

 de fazer a obra com negligência ou de maneira 

fraudulenta. O sentido é de não ser honesto e diligente 

no trabalho do Senhor. O Senhor condena o engano, a

 hipocrisia, a preguiça e a falta de zelo no serviço a ele.


Vamos considerar este versículo e outras passagens que 

comunicam o mesmo princípio.




O Contexto de Jeremias 48


Este capítulo está no meio de uma série de profecias

 contra as nações pagãs. Deus explica seus motivos e

 planos para castigar nações como Egito, Filístia,

 Amom, Edom, Babilônia e outras. No capítulo 48, o país

 condenado é Moabe. Os moabitas eram descendentes 

de Ló e, por isso, parentes dos israelitas. Mas a sua 

longa história de desrespeito para com Deus levou este 

povo a receber a condenação do Senhor. Como Deus

 tem feito muitas vezes com outros povos e nações, ele

 decidiu usar mãos humanas para punir os moabitas. Os

 homens usados para executar a sentença seriam

 instrumentos de Deus, vingadores escolhidos pelo

 Senhor. Assim, entendemos o versículo 10 inteiro:

 “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor

 relaxadamente! Maldito aquele que retém a sua espada

 do sangue!” Deus chamou homens para castigar os

cumprissem sua tarefa com diligência.


A Missão dos Servos Atuais


Hoje, a missão dos servos de Deus não é aniquilar os

 rebeldes: “Se possível, quanto depender de vós, tende 

paz com todos os homens; não vos vingueis a vós 

mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está

 escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que

retribuirei, diz o Senhor” (Romanos 12:18-19).


Deus tem dado aos servos dele, nos dias de hoje, uma

 missão de misericórdia e amor. Nós devemos anunciar

 as boas novas que oferecem a salvação aos homens 

perdidos, para que possam evitar a condenação eterna e 

participar do privilégio da comunhão eterna com Deus.


Se Deus condenou os servos negligentes na missão de

 vingança, quanto mais ele vai cobrar a falta de zelo na 

missão de misericórdia! Os obreiros hoje devem ser

 diligentes no trabalho do Senhor.




Os Obreiros no Novo Testamento



É interessante e triste observar como as descrições mais

 simples e humildes podem ser distorcidas pelos

 homens para criar cargas de importância nas igrejas.

 Algumas palavras são tão simples que seria difícil

 compreendê-las de forma errada, mas muitos religiosos

 conseguem!


Considere alguns exemplos do Novo Testamento, em

 contraste com os abusos dos dias atuais. A palavra

 ministro significa servo, e ministério significa serviço.

 Mas muitas igrejas usam tais palavras como títulos para

 engrandecer pessoas (colocando servos acima dos 

irmãos que devem ser servidos) e trabalhos (a palavra

 ministério assumiu, no entendimento de muitos, a idéia

 de alguma obra ou até organização de destaque). 

Precisamos aprender que ministrar quer dizer servir. Ao

 invés de pensar em subir para uma carga de liderança e

 domínio sobre outros, deve lembrar-se do exemplo de

Jesus quando ele pegou uma toalha e uma bacia de 


água e lavou os pés dos apóstolos. Do mesmo modo, as

 palavras traduzidas obreiro no Novo Testamento 

significam trabalhador, às vezes destacando a idéia do

 trabalho árduo e cansativo. Evangelistas são obreiros (2

 Timóteo 2:15), não no sentido de serem líderes ou

 dominadores de igrejas, mas no sentido de trabalharem

 para pregar o evangelho de Jesus.


No Antigo Testamento e nas religiões pagãs, existiam

 classes de sacerdotes especiais. Mas no Novo 

Testamento, todos os cristãos são sacerdotes (1 Pedro 

2:5,9). No contexto de uma congregação local, alguns 

serão escolhidos como pastores (chamados, também, de

 presbíteros ou bispos – Atos 20:17,28). Estes homens

 especialmente qualificados (cf. 1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-

9) guiarão, mas não deverão dominar o rebanho (1 Pedro

 5:1-3). Cada discípulo – cada sacerdote – mantém a

 comunhão com Deus e não depende de mediador

 humano para servir ao Senhor.


Nas tentativas persistentes de implantar ou manter um

sacerdócio especial nas igrejas hoje, até a simples

 palavra obreiro tem sido abusada. Em algumas igrejas,

 “obreiro” se tornou um título oficial para destacar 

alguns irmãos acima dos outros. Ao invés de reconhecer

 que todos nós devemos ser obreiros e cooperadores,

 algumas igrejas já chegaram ao ponto de nomear “O

 Obreiro” ou “Nosso Obreiro”, assim destacando uma 

pessoa como líder da congregação. Neste conceito

 errado de liderança, alguns discípulos acreditam que “O

 Obreiro” ocupe uma posição abaixo de Jesus mas 

acima do rebanho, exercendo autoridade para governar

e tomar decisões pela congregação.


Para defender tal autoridade de pregadores ou

 evangelistas, alguns buscam alguma base no Novo 

Testamento. Vamos examinar alguns versículos que são

usados para justificar este sistema anti-bíblico de

 liderança de igrejas:


Tito 2:15 – Paulo disse ao evangelista Tito: “Dize estas

 coisas; exorta e repreende também com toda a

 autoridade. Ninguém te despreze.” O trabalho de 

qualquer evangelista é pregar a palavra, que ele faz com

 a autoridade da própria palavra (cf. 2 Timóteo 4:1-5).

 Usando a palavra de Deus, que tem a autoridade divina,

 um evangelista ensina, edifica, repreende e põe em 

ordem as coisas que faltam nas igrejas onde ele prega 

(Efésios 4:11-14; Tito 1:5). A autoridade está na palavra

 que ele prega, não numa posição de domínio sobre a 

congregação.


1 Coríntios 16:15-16 – Depois de comentar sobre a 

fidelidade da família de Estéfanas no serviço dos santos,

Paulo disse aos coríntios: “que também vos sujeiteis a 

esses tais, como também a todo aquele que é

 cooperador e obreiro”. Se tivesse alguma passagem 

que usasse as palavras “cooperador” ou “obreiro” como

títulos de distinção, daria para entender uma certa 

autoridade aqui. Mas a realidade é que todos os cristãos

 devem trabalhar, e todos devem ser sujeitos uns aos 

outros (Efésios 5:21; Romanos 12:10,16). Devemos 

ajudar e apoiar aqueles que servem ao Senhor, sejam 

evangelistas ou outros servos e servas (3 João 5-8;

 Romanos 16:1-2).


Hebreus 13:17 – O autor já falou de guias do passado 

(13:7), e agora fala sobre guias vivos: “Obedecei aos 

vossos guias e sede submissos para com eles; pois

 velam por vossa alma...”. Este versículo tem sido muito 

mal aplicado para justificar muitos abusos em igrejas.

 Conforme o Novo Testamento, os homens autorizados

 por Deus para guiar o rebanho são os bispos, homens

 escolhidos na base de qualificações rigorosas (1 

Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). Não temos direito de usar este

 versículo para justificar autoridade de evangelistas,

 “discipuladores”, etc. Mesmo quando se trata de 

bispos, este versículo não lhes dá autoridade absoluta 

(cf. 1 Pedro 5:3). A palavra traduzida “obedecei” em 

Hebreus 13:17 significa “sejam persuadidos”. Como 

ovelhas submissas, devemos permitir que os bispos nos

 mostrem os motivos, segundo a vontade de Deus, para 

fazer o que eles indicam.



Quem São os Obreiros Hoje?


Depois de considerar vários trechos do Novo 

Testamento e o significado da palavra “obreiro”, fica 

fácil entender a aplicação hoje. Todos os cristãos fiéis 

devem trabalhar incansavelmente. Todos os discípulos 

de Cristo são obreiros, cooperadores no trabalho dele.

 Uma vez que compreendemos o sacerdócio de todos os

 cidadãos do reino de Cristo, entendemos que todos são

 obreiros.



Obreiros Malditos ou Abençoados?



A gora vamos voltar ao tema deste estudo. O perigo de 

ser obreiros malditos não é apenas um problema de

 pastores e evangelistas. É um perigo que todos os

 cristãos enfrentam! Se formos negligentes, desonestos

 ou preguiçosos no nosso serviço a Deus, seremos

 condenados por ele.


O que, então, Deus quer dos servos dele hoje? Seria

 fácil fazer uma lista de obrigações principais, no mesmo

 estilo dos fariseus da época de Jesus, para identificar 

os servos diligentes e fiéis. Mas a verdadeira resposta 

não é tão fácil.


Jesus orientou os apóstolos a ensinarem os discípulos 

a “guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”

 (Mateus 28:19-10). Em outra ocasião, ele disse: “Se me 

amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15).

 O verdadeiro discípulo é conhecido pela sua 

obediência. O apóstolo João disse que sabemos que

 temos conhecido Cristo por isto: “se guardamos os

 seus mandamentos” (1 João 2:3).


Certamente seria mais fácil se tivéssemos uma lista de 

cinco ou dez itens essenciais, alguns atos externos e

 visíveis que garantiriam a nossa fidelidade como 

servos. Muitos homens têm feito tais listas, ou oficial ou

 informalmente. Freqüentemente frisam questões como 

ofertas, freqüência nas reuniões da igreja, cotas e metas 

para a evangelização pessoal e a abstinência de 

determinados vícios e hábitos. Podem acrescentar 

exigências em termos de roupas, saudações especiais,

 etc.


Nosso comportamento, vestimenta e participação ativa 

da igreja do Senhor certamente devem refletir a 

determinação de ser obreiros aprovados. Mas, Jesus 

não abordou a questão com uma simples lista de coisas

 que se deve ou não se deve fazer. A abordagem dele é

 mais exigente. Ele quer um coração voltado a ele, e 

sabe que a pessoa assim dedicada ao Senhor buscará 

muito mais do que meras regras e normas de 

comportamento. O verdadeiro obreiro buscará

 compreender e absorver a mente do Senhor, deixando 

até seus pensamentos mais íntimos serem guiados pela 

vontade de Deus.


E esta busca não será fácil. Teremos que conhecer bem

 a palavra de Deus, dando prioridade ao estudo 

cuidadoso das Escrituras. E com o conhecimento vem a 

responsabilidade de aplicar o que aprendemos: “Tornai-

vos, pois, praticantes da palavra e não somente 

ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22). 

Os servos fiéis não apenas seguem listas de regras,

 procuram andar como imitadores de Deus (Efésios 5:1).

 Como Jesus reflete a plena perfeição do Pai, os 

discípulos devem refletir a plenitude de Cristo 

(Colossenses 1:19; 2:9; Efésios 1:23; 3:19; 4:13).

Escolhemos entre dois caminhos. Podemos ser 

preguiçosos e negligentes, ou podemos nos esforçar

 como servos diligentes e dedicados. O primeiro 

caminho leva à maldição eterna. O segundo leva à 

bênção da comunhão eterna com Deus.



http://www.estudosdabiblia.net/d155.htm




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